Às margens do Mar Vermelho, estava o povo inteiro com todas suas tribos, homens, mulheres e crianças. Todos estavam excitados, pois com seus próprios olhos viram a natureza dividida em doze trilhas através do cajado de Moshe.
O mar inteiro congelou e permaneceu como uma parede à esquerda e à direita. Todas as regras de natureza construídas foram invertidas e mexidas: a água estava em pé, mar seco e árvores frutíferas florescendo fora de paredes de água geladas transparentes.
De pessoas acostumadas a condições de escravidão, desesperados e sem nenhuma esperança, se transformaram num povo cheio de glórias, sendo salvos pela graça Divina.
A surpresa que com a qual apareceu o milagre, fez ficar cada vez mais nítida a benevolência e a misericórdia Divina representada neste milagre.a mão Divina acompanhou-os de modo claro e nítido sem deixar nenhuma convicção duvidosa a respeito do domínio de D'us sobre a natureza. O caminho nas trilhas do mar, estava cheio de milagres que seu único objetivo era de fazer com que a passagem do povo seja a mais agradável possível, para poupá-los de qualquer preocupação ou constrangimento que poderiam ser causados nesta grande agitação.
O milagre deste esplêndido salvamento, era somente a primeira metade, o primeiro capítulo desta tremenda experiência. Logo ao amanhecer, o mar voltou à sua situação normal inesperadamente. As enormes paredes de água desabaram sobre as cabeças dos egípcios, fato que lhes trouxe um desastre e uma calamidade sobre eles.
As bravas ondas de mar caíram ferozmente sobre Faraó e seus soldados, levando-os às profundezas do mar sem nenhuma piedade. Com seus próprios olhos, o povo viu a severa sentença posta na prática, por D'us, sobre os egípcios, “medida por medida”. O alívio total foi alcançado quando a água expeliu os cadáveres de seus inimigos que lhes tanto amarguraram a vida. Aqueles que nos odiavam, jã não são seres-vivos.
A reviravolta de estado de perigo constante, vendo a morte perto dos olhos, para uma situação extraordinariamente milagrosa, balançou seus corações ferozmente. Neste grande momento, as portas do céu estavam abertas. O povo inteiro, viram a revelação da presença Divina do modo mais explícito possível, qualificando-os ao nível de profecia.
Todos os membros do povo, sem a falta de ninguém, começaram a cantar o famoso cântico sagrado “Shirat Hayam- o cântico do mar” (Shemot 15:1-18), que nada mais é do que um cântico de agradecimento a D'us pelos milagres feitos em geral e pela abertura do mar de modo particular..
Qual é a essência deste cântico de agradecimento?
O povo de Israel viu naqueles momentos, a real relação de forças existente na natureza. No mar, foi vista a plena soberania da espiritualidade sobre a materialidade. O potente exército egípcio, o qual pôs medo e temor no povo de Israel, repentinamente estava afogado no mar, junto com suas carroças, soldados e cavalos.
A visão maravilhosa, trouxe o povo de Israel à clara consciência sobre a verdadeira relação entre a espiritualidade e a materialidade. Espiritualidade não é um conceito próspero no ar, não só belas idéias, é uma realidade viva que existe, que é maior do que qualquer realidade física simulada.
A canção do mar foi um único acontecimento de profecia que alcançou todas as camadas do povo de ponta a ponta. A Partir do momento que o povo inteiro chegou a este nível de profecia, por si só se despertaram a pronunciar este cântico maravilhoso.
O milagre de dividir o mar não é um fato pertencente ao passado. O milagre está vivo nos corações de cada um e um que lêem todas as manhãs na tefilat shacharit (reza da manhã), os devidos pessukim deste belo cântico. Ao ler estas palavras com devoção, a pessoa sente como se fossem palavras vivas, acontecendo exatamente naquele momento.
Qual é o propósito que todo Yehudi deve ler todos os dias pela manhã este cântico e sentir que como ele próprio tivesse passando pelo mar e cantando?
Para responder a esta pergunta, devemos entender quais são as raízes de um cântico? Qual é a fonte da qual este cântico foi criado? Cada canção soa aos nossos ouvidos em ritmos. Ele pode ser produzido a partir de dezenas de instrumentos musicais. Uma profissão musical, é uma ciência precisa, é uma prática multidisciplinar na teoria do cântico. Conhecemos os cânticos de seu aspecto moderno, mas o início do cântico é antigo e sublime.
O cântico não é apenas uma recriação para as horas de descanso, um meio de aliviar tensões ou expressão emocional. A essência verdadeira do cântico, é um dos ramos do serviço que devemos prestar a D'us.
Juntamente com a outorga da Torá, Moshe Rabeinu, baixou do Monte Sinai, uma melodias fundamentais, que são melodias pioneiras para as melodias encontradas hoje em dia. As melodias de hoje são junções de várias partes e subpartes das primeiras melodias celestiais.
O Gaon de Vilna elogiou muito a arte musical. Ele revelou, que na sabedoria da música, existem vários segredos e sub-segredos de muitos assuntos da Torá. Sem a música, não seria possível ler a Torá com os devidos cânticos (que são partes fundamentais da interpretação da Torá), os Leviím não poderiam prestar o serviço de cantar no Beit Hamikdash.
O música nos faz escutar as vozes de mundos superiores, dos reinos altos do céu. A música não é uma obra humana, mas sim lhe foi outorgada para que através dela possa subir a níveis celestiais, aproximando-se de D'us.
Nas gerações posteriores, pessoas específicas chegarm ao nível de profecia. Eles chegaram à este nível através do cântico e de suas influências.
No tempo dos grandes profetas, como Shmuel, Eliahu e Elisha, os “discípulos dos profetas” reúniam-se, treinavam e transacionavam suas almas para alcançar os níveis máximos do alcance humano, a profecia. Qual era a ocupação dos profetas, além de serem assíduos no estudo da Torá e no cumprimento das mitsvot?
Para completar a sua missão de longo alcance, eles tomaram o caminho da música. Diante dos profetas, haviam harpas, tambores, flautas e violinos. A música ergueu suas almas e pavimentou o caminho para que alcancem o criador no modo mais claro e explícito da profecia. Elisha o profeta, queria trazer sobre si o espírito da profecia, perguntou: “tragam para mim um instrumento”, e de fato: “e foi o instrumento tocado, e pairou sobre ele a mão (ou seja o espírito) de D'us”.
No entanto, a poesia não foi apenas dada apenas às pessoa principais de cada geração, mas como um caminho de conduta para o público. O povo de Israel deu ao cãntico um palco central. No lugar mais sagrado do povo, a música recebeu uma expressão pública de cantar no templo.
No templo, estava ardendo o fogo sagrado do amor do entre o povo e D'us. O trabalho dos sacrifícios causavam uma fragrância especial para D'us. Um trabalho grande e complexo era o trabalho dos cohanim (sacerdotes) que dependia de muitos detalhes e de precisão da lei.
Jusamente naquele momento, os leviím cantavam seus cânticos sobre o palco à frente do altar, no momento que o sacrifício estava sendo feito segundo a satisfação Divina.
Uma orquestra rica e multi-instrumental, acompanharam o korban tamid (sacrifício permanente). Os leviím treinados durante vários anos, estavam de pé próximo aos sacrifícios, criando um Ambiente agradável de um melhor modo possível.
O canto dos leviím fazia com que seus ouvintes, voltassem em teshuvá (arrependimento), pois isto é um resultado automático proximidade de D'us. Além disso, devemos perceber um entendimento mais profundo. Ao sacrificar um animal, deve-se sentir que o feito com o animal, é o que deveria ser feito com a pessoa que transgrediu a vontade Divina. Porém para que saibamos, que mesmo neste momento que a pessoa deve refletir sobre seu caminho de vida, que possivelmente não é um dos momentos mais contentes da vida, D'us ordenou que os leviím cantassem para que saibamos que mesmo em momentos de aflição como este, a pessoa deve sempre procurar se aproximar de D'us.
Temos o mérito de voltar às margens do mar da vida, para sempre, em qualquer situação, procurar a proximidade Divina.
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