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Mudanças e responsabilidades na vida

Mais de uma vez, decidimos fazer mudanças em nossa vida pessoal, social ou econômica. O desejo de mudança mostra que há um caminho melhor do que o caminho que caminhamos nele até agora. A aspiração pela mudança é uma aspiração básica e humana que une toda a humanidade. Muitos partidos políticos em qualquer lugar do mundo, tomam um slogan da mudança e o aproveitaram-o para suas necessidades, com o entendimento de que o desejo de mudança uniria o maior número de eleitores à sua volta.
 
No entanto, a distância entre as palavras e as ações separadas, são como a distância entre o céu e a terra. Muitas pessoas falam sobre mudanças, poucos tentam fazê-la, mais poucos ainda conseguem pô-la em prática. Por quê?
 
Na parashat Vayeshev, é contado sobre as ramificações das relações familiares entre Yossef, seu pai Yaakov Avinu, e seus irmãos.
 
Yossef era pastor, como todos seus irmãos. Yaakov, apreciava-o mais do que os outros filhos a tal ponto que costurou uma roupa listrada somente para Yossef. Yossef contava más coisas sobre seus irmãos, e com isso, não só que tinham inveja pela relação preferida que Yaacov concedia a Yossef, mas também odiavam-o pelas más palavras ditas a Yaakov. Em seguida, Yossef contou a seus irmãos os dois sonhos que teve, sendo que dos dois sonhos o que sai e conjunto é que Yossef seria um líder, e todos seus familiares seriam “inferiores” a ele. É claro que os irmãos ficam com raiva quando ouvem que, mesmo em seus sonhos, ele é o favorito, e o resto se curva para ele. Neste ponto, mesmo o pai amoroso está irritado e o repreende-o dizendo que será que é possível que eu, sua mãe e seus irmãos ajoelharam para você?!?
 
Quando Yossef encontrou seus  irmãos em Shechem (Nablus), Shimon e Levi desejam matá-lo. Reuven, como era o primogênito, ofereceu salvá-lo dizendo que joguem-o num poço para que depois ele salve-o. Porém os irmãos, seguindo as orientações de Yehudá, venderam Yossef como escravo para um grupo de Yishmaelim que estavam indo ao Egito, e estes venderam-o ao potifera no Egito.
 
Os irmãos confiaram na decisão de Yehudá, por ele ter sido o líder dos irmãos na época. Porém depois de um certo tempo os irmãos perceberam que erraram na análise do caso de Yossef ao verem e perceberem a grande tristeza de Yaakov por estes acontecimentos. Eles culparam a Yehudá por este erro, pois lhe disseram o seguinte: você é nosso líder, caso você nos dissesse para tirá-lo do poço e não fazer nada com ele, escutaríamos sua ordem e não venderíamos nosso irmão. O papel de um líder é liderar, e qualquer decisão sua é perpétua. Portanto, a responsabilidade pela venda de Yossef é sua. Logo em seguida a Torá descreve (Bereshit 38: 1): “E Yehudá desceu (deixou de ser líder) de seus irmãos.”
 
Mesmo que Yehudá não aceitou assumir sozinho a responsabilidade pela venda de Yossef, de qualquer modo, houve outro caso no qual Yehudá assumiu totalmente a responsabilidade, a tal ponto de passar por vergonha em público, e por isso, voltou a seu posto natural de ser o líder do povo.
 
Consta na Torá (Bereshit 38:1-30), que após que Yehudá deixou de ser líder de seus irmãos, ele encontrou seu amigo Chirá. Lá, ele conheceu sua esposa. Eles tiveram três filhos: Er, Onan, Shelá. Er casou com Tamar,porém por ser perverso, D'us encurtou os dias de sua vida. Yehudá disse a seu filho Onan que casasse com sua cunhada para cumprir a mitsvá de Yibum. Porém como ele também era perverso, D'us encurtou os dias de sua vida. Então Yehudá disse à sua nora Tamar. Espere até que meu terceiro filho Shelá cresça para que ele faça Yibum com você.
 
Nesse meio tempo, a esposa de Yehudá faleceu. Yehudá havia saído para ver seu rebanho. Tamar foi comunicada que seu sogro havia saído para ver o rebanho, trocou as roupas de luto, e apareceu perante a seu sogro para cobrar que casasse com seu terceiro filho. Yehudá não reconheceu-a e esteve junto com ela. Ela pediu uma garantia para que recebesse depois seu pagamento por este ato. Yehudá lhe entregou seu cajado e seu anel.
 
Depois de três meses, quando já era visível que Tamar estava grávida, foi dito a Yehudá que ele estava grávida e a halachá neste caso, que ela deveria ser queimada ao fogo. Antes de que a sentença seja cumprida, Tamar disse que estava grávida daquele que é proprietário do anel e do cajado. Yehudá assumiu a responsabilidade dizendo que Tamar estava grávida dele mesmo. Quanta vergonha ele passou para assumir esta responsabilidade em público, mas mesmo assim, ele foi com a verdade e assumiu esta responsabilidade, deixando a culpa sobre ele mesmo.
 
(existem muitos aspectos neste caso, por que ela deveria ser queimada somente caso ficasse grávida de outra pessoa e não de Yehudá. Porém este assunto deve ser tratado e artigo separado)
 
Chazal nos ensinam, que após este ato Yehudá voltou a seu posto original como o líder do povo. De fato, quando Yaakov abençoou seus filhos antes de seu falecimento, ele sugeriu a Yehudá que tomasse o posto do reinado, uma vez que havia confessado ser aquele que engravidou a Tamar.
 
O reconhecimento de Yehudá, foi divido em duas partes: 1- reconhecer o erro. 2- receber sobre si, nao cometer mais este tipo de erro (a Torá demonstrou esta parte, relatando que Yehudá já não se aproximou mais de Tamar).
 
Para fazer uma mudança em qualquer assunto da vida, são exigidas três coisas de uma pessoa: 1- reconhecer o erro. 2- remorso e arrependimento. 3- receber sobre si não cometer mais este erro. O desejo de mudança só despertará no coração de uma pessoa quando acreditar que existe um caminho melhor do que o caminho que ele tomou até agora. Uma pessoa que acredita que não há melhor maneira de viver sua vida, não almeja nunca mudar seu comportamento. Pelo contrário, ele tentará fixar-se nesta situação e perpetuá-la.
 
Para que a decisão se torne prática, um caminho novo e claro deve ser estabelecido. Não slogans, mas um programa organizado. Sem “aceitação para o futuro”, “reconhecimento equivocado” se tornará irrelevante. A pessoa permanecerá frustrada e sempre se sentirá culpada por sua falta de sucesso. A aceitação para o futuro complementa o reconhecimento do pecado e torna possível o desejo de mudança.
 
A fim de trazer a mudança almejada para fora do poder, é preciso tomar outra ação – remorso. Sem isso, a carruagem de mudança não se moveria para o seu destino. Deve-se enfatizar que o remorso não é uma idéia abstrata. Para entender seu significado, deve ser definido pelo nome. O arrependimento demonstra assumir responsabilidade. Aquele que se arrepende de suas ações, toma sobre eles responsabilidade, ele reconhece seu erro, busca correção e, mais importante, atribui o erro a si mesmo e não impõe aos outros.
 
Quando procuramos fazer a mudança em nossas vidas, somos obrigados a verificar se estamos seguindo as três regras. Se fizermos isso, a mudança virá. Se não, teremos que nos juntar aos muitos que buscam a mudança, mas falham em implementá-la.
 

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