Shechitá: O Abate Judaico – A Revolução Iminente – Rabino Zamir Cohen

Muitas pessoas têm perguntado: Como é possível que a Torá — que outorgou para a humanidade os valores universais de sensibilidade e compaixão para com os outros — ordene que a única maneira aceitável de preparar a carne para o consumo seja através da Shechitá, o abate ritual judaico? Esta pergunta é ainda mais relevante, considerando que a Torá explicitamente proíbe causar sofrimento desnecessário aos  animais.
Isto fica evidente, por exemplo, no mandamento de aliviar um animal que se debate sob o seu fardo, mesmo que ele pertença a um inimigo pessoal. O Talmude declara, além disso, que no caso de um animal sofrendo, é proibido oferecer auxílio a sob condição de receber pagamento em troca; porque o ato tem que ser executado tão rápido quanto possível. Há muitas leis semelhantes sobre este tópico.  Sendo a compaixão um valor judaico tão essencial, como pode a Torá exigir que as pessoas abatam o gado com uma faca, enquanto proíbe práticas mais comuns, tais como usar uma pistola na cabeça do animal, dizendo que isso assegura uma morte mais rápida e indolor. Na verdade, a Torá nos proíbe de deixar o animal inconsciente antes de abatê-lo, tal como golpeá-lo com um objeto pesado ou tonteá-lo com corrente elétrica — prática comum em todo o mundo e que é reivindicado como uma diminuição do sofrimento do animal. Deve ser enfatizado que a discussão a seguir trata somente do  método preferível de abate de gado e ave, e não da questão mais 
 abrangente da permissibilidade de comer carne.  Nas gerações anteriores foi largamente aceita a ideia de que as leis de Shechitá asseguravam o mínimo de dor e sofrimento aos animais. Por esta razão, a Torá requer que o abate ritual seja executado com uma lâmina afiada. Açougueiros [rituais] são obrigados a inspecionar as facas de Shechitá cuidadosamente para verificar o corte. O menor entalhe — tal que possa ser percebido ao passar a unha na lâmina — pode designar a faca como imprópria para Shechitá e proibir o consumo de qualquer animal que tenha sido abatido com ela. A Lei Judaica exige que a Shechitá seja ligeira, com um rápido movimento da faca. Estes requisitos foram criados para que o animal sinta pouca ou nenhuma dor no processo. Baseado no testemunho de indivíduos que foram  inadvertidamente cortados da mesma maneira (tal como um cirurgião executando um tratamento médico de emergência), um corte rápido, afiado,  com uma faca bem afiada 
 é substancialmente indolor. Na realidade, geralmente é só depois que o sangue começa a fluir que eles tomam consciência de que foram cortados. De acordo com os Sábios de Israel, entretanto, a maneira de abate de outras culturas é que causa os níveis mais altos de dor e sofrimento aos animais. Esta perspectiva tradicional judaica — convincente já por si só — tem sido amplamente e recentemente substanciada pela série incrível de experimentos relativos à estrutura das veias e artérias sanguíneas dos cérebros de mamíferos. Estes experimentos  apagam todas as dúvidas sobre o abate ritual judaico, acrescentando o assunto de Shechitá a uma longa lista de provas da origem divina da Torá. Na base do cérebro de todos os mamíferos encontra-se uma série de veias e artérias sanguíneas que criam uma espécie de “estação central” para todo o sangue que flui para o cérebro. A estação central é conhecida nos humanos como o Circulo de Willis, e nos animais, como Rete Mirabile. Qualquer médico iniciante sabe que a perda súbita de pressão sanguínea neste componente central do cérebro leva imediatamente à inconsciência. No momento da Shechitá, as artérias carótidas que servem como rota principal, levando sangue através do pescoço ao cérebro, são cortadas. No instante em que a faca passa por estas artérias, o fluxo de sangue ao cérebro cessa, a pressão sanguínea cai rapidamente e o animal perde a consciência dentro de dois segundos, senão antes!   Isto quer dizer que o animal não pode sentir dor a partir deste momento. Para resumir, a Shechitá não consiste em dor alguma para o animal, graças ao corte da faca, a rapidez do corte e a perda imediata de consciência.
Por outro lado, outras formas de abate, em desacordo com a lei [Judaica], indubitavelmente causam dor aos animais. Mesmo entorpecendo o animal com um choque elétrico, o que supostamente previne qualquer sensação de dor, na realidade isto só “frita” o cérebro do animal, e certamente causa sofrimento desnecessário. E, naturalmente, a morte através de uma bala expelida repentinamente na cabeça, certamente acarreta  sofrimento ao animal,  especialmente se ela for expelida incorretamente,  seja por má pontaria ou por um movimento inesperado da cabeça do animal. Nestes casos, os níveis de dor  estão longe de serem minimizados  e, na realidade, um sofrimento maior e desnecessário 
 pode acontecer. É verdade que o corpo do animal “pula” depois de perder a consciência após a Shechitá; porém, a pesquisa mostrou que isto é somente um reflexo muscular, parecido com o movimento do rabo do lagarto que tenha sido cortado de seu corpo. Um rabo desconectado, apesar do seu movimento reflexivo involuntário, certamente não sente dor.
O efeito da Shechitá no fluxo sanguíneo dos animais permitidos- estado NormalApós a Shechitá
Teria sido suficiente terminar a nossa discussão com estes tópicos altamente convincentes; mas agora é que chegamos à verdadeira maravilha.
As artérias carótidas levam sangue para o cérebro na parte frontal do pescoço. Há artérias adicionais na parte de trás do pescoço, perto da vértebra da espinha, chamadas de artérias vertebrais. Estas artérias também conectam a base do cérebro, levando sangue. Como, então, a Shechitá executada somente na frente do pescoço previne o sofrimento do animal? O sangue não continua a fluir para a Rete Mirabelle através das artérias vertebrais? Mas a lei Judaica proíbe o corte dessas artérias durante a Shechitá, para não acontecer de cortar a vértebra — circunstância proibida no abate kasher. Aqui a pesquisa moderna fez uma descoberta inacreditável. Embora seja verdade que todos os mamíferos têm artérias na frente e atrás, todos os animais com casco fendido e ruminante — quer dizer, os animais kasher (os únicos que a Torá permite aos judeus comerem) têm uma estrutura diferente nas artérias detrás de seu pescoço. Enquanto nos mamíferos não-kasher estas artérias entram diretamente na “estação central” do cérebro, nos mamíferos kasher as artérias de trás se ligam primeiro com a artéria frontal antes de entrar no cérebro.  A maior parte do sangue que chega ao cérebro flui através dessas artérias frontais. Assim, a Shechitá —executada em animais kasher somente pela frente — quase que imediatamente interrompe o fluxo de sangue para o cérebro. Porque o sangue que chega ao cérebro através das artérias vertebrais muda de direção imediatamente e flui para outro lado, em direção da menor resistência e para fora do corte. O resultado é uma caída imediata da pressão sanguínea e a perda de consciência do animal, estabelecendo assim segurança total para que ele não sinta dor. Para concluir, graças à pesquisa recente feita sobre o sistema circulatório de vários animais, a própria pergunta que desafiou a autoria Divina da Torá prova agora a sua fonte transcendental. Por que quem, além de D-us, poderia ter produzido esta incrível diferença fisiológica entre os vários mamíferos e formar tal conexão singular entre animais kasher definidos pela lei, ao mesmo tempo nos ensinando como abater estes animais de maneira a não lhes infligir dor e sofrimento?            
Há outra diferença ainda entre animais kasher e não-kasher. Um estudo feito em 1961 demonstrou que cavalos, cachorros e outros animais resistem ao serem trazidos para o abatedouro porque sentem sua morte próxima. Tornam-se agitados e podem até chutar e lutar até que sejam abatidos. Em abatedouros kasher este fenômeno quase não existe. Por exemplo, cordeiros presentes no abate de outros cordeiros não demonstraram nenhum sinal de temor. Um bezerro deixado para perambular livremente durante o período de Shechitá nem tentou escapar, apesar do portão do abatedouro permanecer aberto. Além do mais, ruminantes cessam de ruminar quando estão sob pressão. No entanto, vacas em um abatedouro judaico podem até deitar e ficar ruminando enquanto membros de sua própria espécie estão sendo abatidos ao seu redor. Tudo isto indica que animais kasher não sofrem durante o abate, e  também demonstra que eles nem passam pela experiência de desconforto emocional antes do ato, não tendo nenhuma sensação de sua morte iminente.  No entanto, como há sempre a possibilidade de que um desses animais tenha sensibilidade maior do que os outros, a Lei Judaica proíbe matar um animal na presença de outro, para prevenir mesmo a mais remota possibilidade de sofrimento para aquele que permanece vivo.  Vale a pena também notar a opinião médica da Dra. Temple Grandin, uma especialista mundialmente conhecida, a respeito do  manejo  apropriado ao lidar com animais. Ela desenvolveu várias técnicas para diminuir o sofrimento do animal, tanto nas fazendas como nos abatedouros. Dra.Grandin sustenta que o maior sofrimento pelos quais os animais passam no abatedouro não é o momento quando são mortos, mas o tratamento inapropriado dispensado a eles a partir do momento da chegada até a hora da morte. De acordo com o estudo, se o gado for tratado de maneira apropriada, ele chega ao lugar do abate relaxado e bem comportado. No caso da Shechitá, pelo fato de o abate ser indolor, fica claro que o tratamento adequado apaga a única outra ilidade de o animal passar por sofrimento. Ainda há mais. A carne abatida para consumo tem que ser mantida higienicamente e a salvo durante todo o tempo de armazenamento, tanto por motivos de saúde — para evitar envenenamento alimentar — qaunto por razões econômicas — para evitar o desperdício 
 desnecessário de alimento. Em geral, quanto mais alta é a qualidade da carne e mais fresco o ambiente em que ela pode ser mantida, menor quantidade precisa ser descartada e menos animais têm que ser abatidos. De acordo com alguns pesquisadores, a Shechitá assegura carne de qualidade melhor do que a proveniente de outras formas de abate. O tiro, por exemplo, deixa uma quantidade excessiva de sangue na carcaça, devido ao espaço de tempo entre a morte e o sangramento da carcaça. Isto faz com que a carne estrague mais depressa. Em outros métodos de abate, em desacordo com as leis Judaicas, a situação é pior.(A respeito deste tópico, devemos notar as exigências da Lei Judaica de salgar a carne depois do abate para extrair o sangue remanescente. Este ato é em consequência da proibição de consumir sangue —um mandamento principalmente espiritual, que obviamente tem benefícios salutares também.)
 

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