Escutar a orientação de nossos mestres, em qualquer circunstância

“Não se desvie do que lhe disserem, direita e esquerda” (Devarim 17:11)
 
Consta nesta parashá, que não devemos nos desviar dos assuntos orientados pelos sábios, tanto à direita quanto à esquerda.   
 
O Sefer Hachinuch (mitsvá 496) explica o seguinte: já que as opiniões e idéias das pessoas são diferenciadas umas das outras, nunca serão encontradas muitas opiniões idênticas no mesmo assunto.  D'us sabendo disto, não deixou que a interpretação da Torá fosse deixada nas mãos de qualquer pessoa, pois deste modo cada um explicará a Torá segundo sua opinião particular e deste modo haverão várias opiniões e divergências na explicação de cada mitsvá a tal ponto que a Torá parecerá como várias torot.
 
Portanto nosso D'us, o senhor de de todas as sabedorias, ordenou que nosso comportamento em relação a Torá, seja segundo a interpretação passada de geração em geração que é oriunda de nossos antepassados. Que em cada geração escutemos os sábios presentes naquela geração, que receberam sua sabedoria da Torá através de bastante esforços abstendo sono de seus olhos, para que possam entender profundamente os alicerces de cada mitsvá e a verdadeira intenção de D'us na Torá. Com este consenso estaremos caminhando no verdadeiro caminho para saber a Torá. Caso nos deixemos levar por nossa simples e pobre interpretação, não teremos sucesso em nada.
 
Baseando-se nestes ensinamentos, disseram chachamim, que mesmo que os sábios da geração digam sobre a esquerda que é direita e sobre a direita que é esquerda, que não nos desviemos destes ensinamentos, mesmo sendo “contrários à realidade”. Ou seja, mesmo que pode ser que chachamim estejam equivocados em alguma coisa, não devemos nos desviar deles, e devemos nos comportar com estes comportamentos “errados”. Pois é bom errar em alguma vez, e que pelo menos estejamos sendo guiados por chachamim, e não que sejamos guiados por nós mesmos. Pois neste segundo modo será a destruição de nossa religião e o povo estará dividido em vários grupos e não haverá união entre ninguém.
 
O Talmud (Baba Metzia 59b) trouxe uma divergência entre chachamim sobre um  forno feito de círculos de porcelana que estava impuro, caso tenha sido desmontado e foi montado outra vez, que Rabi Eliezer disse que este forno estava puro e Chachamim disseram que este forno continuava impuro.
 
Rabi Eliezer trouxe provas de diversos milagres naturais que sua opinião estava correta, e até saiu uma voz celestial determinando que a halachá segue a opinião de Rabi Eliezer, mas mesmo assim, todas as provas foram anuladas por Chachamim. A razão disto é que uma vez que a Torá foi outorgada, ela própria já não está no poder de decisão dos anjos e milagres celestiais, e sim na opinião da maioria dos chachamim.
 
Ao final desta passagem no Talmud, Eliahu hanavi disse que chachamim eternizaram à D'us. Pois fixaram a halachá segundo a regra determinada pela própria Torá que devemos seguir a maioria das opiniões.      
 
Quando Rabi Elchanan comentava sobre assuntos de atualidade, sempre dizia as palavras de seu mestre o Chafetz Chaim: existem momentos na vida, que a pessoa necessita resolver certos assuntos e não sabe o que decidir, mesmo que se tratam de assuntos muito importantes para sua vida. Nestes casos, a pessoa pode entrar em depressão pois está num “beco sem saída”.
 
Caso repentinamente chegue alguém e lhe sussurre o seguinte:
 
“Por que você não se aconselha com o Todo Poderoso?”
 
“Como posso fazer isso, será que realmente posso falar e conversar com Ele?”
 
Diz o Chafetz Chaim, que esta oportunidade está na nossa sagrada Torá. Na Torá constam todas as soluções para todos os problemas existentes no mundo. O conselho que podemos encontrar na Torá, não é nada mais do que a pura orientação Divina. Devemos saber que não somente leis e preceitos estão escritos na Torá, mas também conselhos e orientações com bastante experiência. Do mesmo modo que as leis e os preceitos são eternos, assim também os conselhos da Torá. Não somente na Torá escrita, como na Torá oral também. Não somente isso, a Torá oral está incluída ocultamente na Torá escrita.
 
Um destes conselhos, consta no Talmud (Baba Metzia 42): ” que sempre a pessoa divida seu dinheiro em três partes. Uma parte guardada escondida, outra parte em investimentos e a terceira parte junto com ele para uso pessoal. Pois caso perca uma das partes, tem a outra como garantia”.
 
Continua Rabi Elchanan, na Torá estão todas as soluções para todos os tipos de problemas da vida, a questão não é somente procurar, não somente como procurar, mas também e principalmente quem procura.
 
Está escrito no Zohar (Parashat Terumá, parte B, pág 161 a) que D'us olhou para a Torá e criou o mundo. Portanto, a Torá é o manual de instruções do mundo. Quanto mais o mundo for usado segundo as regras da Torá, melhor será seu desempenho. Para saber quais são as orientações da Torá para os diversos casos, devemos nos aconselhar com aqueles que são os mais eruditos nela e os mais próximos à seu conhecimento. Através deles D'us concede siatá dishmaiá (ajuda celestial), para que possamos saber quais são as melhores orientações para nós.    
 
Apresentarei aqui, uma pergunta feita no site do Hidabroot em Ivrit
 
Pergunta
 
Como sabemos que D'us quer ouçamos aos rabinos? Chazal não estavam no momento da outorga da Torá e pode ser que tudo evoluiu de uma geração mais tarde! De onde nós sabemos que os sábios continuam a tradição da entrega da Torá até nossos dias?
 
Resposta
 
Devemos abster-se de discussões com aqueles que não estão à procura de respostas, porque há, infelizmente, pessoas que preferem discutir e ficar em discussão. Eles não tem nenhuma intenção em saber as respostas, eles preferem ficar em perguntas, para provocar e argumentar contra o judaísmo.
 
Primeiro, é importante reconhecer o fato de que sem os rabinos e a tradição oral, não se pode entender os mandamentos da Torá. Qualquer um que ler a Torá notará que as mitzvot foram dadas sem qualquer detalhe que permita que elas sejam cumpridas na prática. A mitzvá de mezuzá foi mencionada, mas não é dito o que está escrito no pergaminho. Tzitzit e Tefilin foram mencionados, mas não foi mencionado como prepará-los. Mesmo em relação a mitzva do Shabat, a Torá não explica os detalhes do que é proibido e do que é permitido. Cortar verduras para salada, é proibido no Shabat?  Mover um armário pesado de um lugar para outro, é permitido ou proibido? Trabalhar como segurança sem se mover do lugar é permitido? A Torá também mencionou que não devemos sair de nossos lugares no Shabat. Porém, o que significa local? Casa? Bairro? Rua?
 
Assim é em todas as mitsvot, pois a explicação das mitsvot descritas na Torá Escrita, está na Torá Oral, uma explicação claro e detalhado, que foi escrita na primeira vez na história, através de Rabi Yehuda Hanassi, o complidor da Mishná. Nesta explicação constam as leis do abate animal, os serviços proibidos de serem feitos no Shabat, leis sobre a mezuzá e tefilin e etc… . A conexão entre a Torá Escrita e a Torá Oral, é feita por nossos sábios de abençoada memória no Talmud Yerushalmi e no Talmud Bavli, que nos quais estão todas as pesquisas sobre os diversos assuntos trazidos na Mishná que foi compilada por Rabi Yehudá Hanassi. A Mishná por sua vez é uma compilação de leis trazidas na Torá Escrita.
 
Até aqui foi exposta a explicação “de onde surgiu a Torá Oral”. Porém devemos esclarecer, por que os Rabinos e os Sábios de cada geração, são aqueles que receberam unilateralmente o poder de fixar as halachot e de orientar àqueles que desejam seguir as descrições da Torá?
 
A resposta é encontrada explicitamente na Torá (Bamidbar 10:16): ” E D'us disse a Moshe, runa para mim setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes que são os anciãos do povo e seus guardas. E levá-los para a Tenda do Encontro, e se apresentarão lá com você. Descerei e falarei com você lá e delegarei do meu espírito que está sobre você e porei neles. E eles estarão junto com você na direção do povo”.
 
Existirão pessoas que ficarão surpresas ao descobrir que os primeiros sábios de abençoada memória, já existiam na época de Moshe Rabenu. Não só isso, a instituição rabínica foi estabelecida na geração dos receptores da Torá no deserto. Assim consta na Torá (Devarim 1: 1-13): ” Estas são as coisas que Moshe falou a todo povo de Israel às margens do rio Jordão…Moshe falou ao povo de Israel sobre tudo o que D'us lhe ordenou (para que seja dito) a eles…coloquem sobre vocês pessoas sábias, inteligentes e conhecidas às suas tribos, e (estas pessoas) colocarei como vossos líderes. E vocês comentaram e disseram que foi boa a coisa que dissestes para fazer”.
 
A Torá descreve a criação do primeiro Sanhedrin, que continuou a “qualificar” rabinos de geração em geração até os dias de nossos sábios de abençoada memória. O Sanhedrin funcionou até os dias da destruição do segundo templo. E mesmo na geração de Rabi Akiva continuavam a “qualificar” rabinos de um rabino a outro rabino. Desde os dias de Moshe Rabenu, D'us nomeu os sábios de abençoada memória que fixem as devidas leis dos devidos casos, baseando-se nas leis da Torá. Que esclareçam as entranhas da Torá e que continuem a qualificar rabinos para as próximas gerações. Os tribunais halachá, os decretos rabínicos, e toda a administração do povo em todos os aspetos, é tudo iniciado na Torá. D'us qualificou os primeiros sábios para que estes qualifiquem os das seguintes gerações, e ordenou que o povo escute as orientações deles.
 
Consta na Torá (Devarim 17:9): ” E você chegará aos sacerdotes e levitas e aos juízes que existirão naqueles dias…e guardarás a cumprir tudo o que lhe for ensinado , baseando-se na Torá que lhe ensinarem e baseando-se nas leis que lhes forem ditas, farás. Não se desvie das coisa que lhe forem ditas nem à direita e nem à esquerda”. A diplomação para que escutemos e cumpriremos o ensinado pelos rabinos de cada geração, foi dada por D'us.
 
D'us transmitiu o ensinamento da Torá aos maiores sábios de cada geração, que continuam essa tradição transmitindo a Torá para as próximas gerações. Tudo baseado no que o rabino recebeu de seu rabino que recebeu de seu rabino…até os dias de Moshe Rabenu. Os eruditos da Torá que optaram por aprofundar-se no estudo da Torá e investir nela todos os dias de suas vidas, no decorrer dos dias serão os transmissores da Torá, cada um em seu ramo específicos, seja em halachá do dia a dia, seja em leis jurídicas, seja no Talmud, etc… . cada geração tem seus mestres e rabinos, adequados às necessidades e situações espirituais de cada geração e geração. Hoje em dia, por exemplo, um rabino que vive em convivência moderna com diversas oportunidades de sofisticações tecnológicas, não é adequado à ensinar Torá à gerações que viviam a duzentos ou trezentos anos atrás, e vice-versa.
 
Se conclui daqui, que cada Yehudi pode se tornar um grande estudioso da Torá, que fixa e determina as leis segundo as diretrizes e orientações da Torá, transmitidas durante as gerações até os dias de Moshe Rabeinu. Em várias passagens, o Talmud ensina que conversos justos, que no passado eram membros de outros povos, se tornaram sábios e líderes do povo, pela simples dedicação ao estudo da Torá.
 
No entanto, é importante entender que as regras da halachá e o modo de estudá-las, e tradição de geração a geração, que nem os rabinos podem se desviar (nem se quer um milímetro) destas regras. Assim consta na Mishná (Pirkei Avot 3:11): ” aquele que perverte a Torá de forma inadequada, mesmo que ele tenha (muita sabedoria da) Torá e (que tenha inúmeros méritos de) bons atos, não têm parte no mundo vindouro”! Os rabinos ensinam a seus discípulos os métodos de conduzir e ensinar a halachá que lhes foi transmitida de seus mestres até chegarem a outorga da Torá. Estão totalmente proibidos de mudar em sequer um mínimo milímetro destas regras. Tudo deve ser feito e transmitido, “conforme o figurino”, pois assim está escrito na Torá (Devarim 4:2): “não acrescentem sobre o que eu lhes ordeno e não diminuam destas ordens”.
 
Pergunta
 
Como pode ser que há divergência entre os legisladores da halachá, se tudo foi transmitido claramente e explicitamente por D'us na outorga da Torá?
 
Resposta
 
A resposta está na própria Torá (Devarim 30:11) “Pois este mandamento que eu te ordeno hoje, não é escondido de você, e não muito longe de você, não está no céu, para que digas quem irá ao céu buscá-la para nós, para que nos ensine-a e cumpramos-a…”. A Torá nos informa que as decisões haláchicas são decididas por eles, segundo as regras destas decisões que lhes foram outorgadas no momento da outorga da Torá no Monte Sinai.
 
Uma história fascinante que a encontrada no Talmud (Baba Metzia 59b – esta história foi mencionada acima. Foi trazida aqui para enfatizar a resposta desta pergunta). A história trata sobre a controvérsia entre todos os sábios do Talmud naquela época, contra o Rabi Eliezer ben Horkenoss, em relação a certo forno, se este recebia impureza em determinada situação ou não. Rabi Eliezer quis provar sua opinião através de milagres e maravilhas que ordenou acontecerem caso sua opinião fosse a verdadeira (como por exemplo, que a correnteza do rio volte para trás). Estas maravilhas, realmente aconteceram. Porém, os sábios não levaram-as em conta para fixar a halachá como a opinião de Rabi Eliezer, pois a Torá foi outorgada dos céus, para que os sábios da terra, e somente eles, fixassem a halachá de acordo com as regras recebidas na outorga da Torá, e não através de sinais celestiais, por mais milagrosos que sejam.
 
Quando percebemos que existe um Criador, e nada lhe é oculto, então nós também podemos estar confiantes de que Ele conserva a Torá eternamente, possibilitando em cada geração que as pessoas possam cumprí-la. Portanto, ele nos deu os rabinos e os métodos de legislar de geração em geração, e ordenou não desviar deles nenhum milímetro. Os rabinos continuam a transmitir esta tradição original durante milhares de anos. Cada grupo que abandonou a tradição divina de nossos rabinos perdeu a identidade com a Torá e o judaísmo.
 
 

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Related Articles

Back to top button