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O Shabat e o Mishkan

Assim consta na Torá (Devarim 16:8): ” E no sétimo dia haverá abstenção de trabalho em honra ao Eterno, não farás obra alguma”.
 
A definição de trabalho na Torá é completamente diferente da definição de ofício no mundo. A Torá também proibiu trabalhos que não exigem esforço físico, como fazer fogo ou tirar uma flor do chão.
 
Consta no Talmud (Shabat 73a): Existem trinta e nove trabalhos proibidos no Shabat. Estes trabalhos, são os mesmos feitos no Mishkan. A comparação e a aprendizagem entre os dois, é oriunda da proximidade entre os dois assuntos, conforme consta na Torá em duas passagens (Shemot 20:10 & Devarim 5:14).
 
Do mesmo modo que D'us “cessou” a criação do mundo, assim também nós cessamos a vida materialmente criativa, para que possamos conectar a Ele espiritualmente.  No Shabat, a conexão com D'us é espiritual e não materialmente.
 
Quando as pessoas conseguem criar diferentes trabalhos a partir de matérias-primas, podem se tornar ilusórios como se fossem os criadores do mundo. A fim de evitar esse erro, a Torá ordena que nos abstenhamos de fazer trabalho criativo no Shabat. Este ensinamento tem o propósito de transmitir-nos que durante todos os dias da semana “criamos” somente porque o Criador nos dá força e sabedoria para criar, e ele também lhe diz: No Shabat é proibido criar. Isso é semelhante a uma pessoa que trabalha em uma fábrica, na qual o proprietário da fábrica lhe fornece as ferramentas e opções para o trabalho. Quando o dono da fábrica lhe disser em um determinado dia, não trabalhe e não crie, certamente o fará. Pois o que lhe ordena, é o dono. Uma pessoa que evita o trabalho de criação no Shabat admite que o Criador lhe dá o poder e a capacidade de criar.
 
O Shabat, é um uma penetração semanal na área da harmonia mental. Durante seis dias a pessoa luta para concluir suas diversas e imensas tarefas, e chega no final da semana exausto mental e fisicamente. Porém no Shabat, a pessoa se ergue de todas as tarefas cotidianas e se sente como um rei, deixando de lado todos os acontecimentos semanais e se encontrando com sua verdadeira essência, com ele mesmo.
 
Eric Fromm, um dos mais renomados psicanalistas, fala em louvor e elogio do Shabat, encontrando nele uma solução para a angústia mental que tem aumentado demasiadamente no mundo moderno. Segundo Eric, o Shabat é um símbolo da harmonia, uma ilha de paz e tranquilidade, no meio do mar de angústia mundial. O descanso do Shabat é um descanso de liberdade. Neste dia não participamos do mundo da ação. Nós olhamos pelo lado de fora, e aprendemos a apreciá-lo, percebendo a sabedoria Divina a cada passo. Segundo Fromm, o Shabat põe em nossos corações, o equilíbrio que é tão necessário para a nossa saúde e para a nossa paz de espírito.
 
A principal característica do Shabat é a interrupção do fluxo do tempo e a direção do homem para um sistema existencial além do tempo. Quando não há processos criativos e mudanças, o tempo para.
 
O Shabat também é chamado de “uma espécie do próximo mundo”, uma vez que o sistema existencial do Shabat é um pouco semelhante ao sistema existencial do Mundo Futuro – um mundo de espiritualidade sem matéria, sem mudanças e sem fluxo de tempo.
 
Um sistema existencial em que o tempo para, permite olhar para trás com deliberação, para mergulhar na essência da vida e não para ser arrastado para a corrente arrebatadora da vida eterna. Tal contemplação em tempo tranqüilo traz o homem de volta à sua verdadeira realidade espiritual.
Quando a alma controla, o homem retorna ao seu propósito. Ele liga e agarra a D'us através da oração, estudo da Torá e refeições do Shabat, e transcende os mundos espirituais. Ele retornou ao seu eu interior, para si mesmo.
 
A fé do Yehudi, não procura separar o homem do mundo, mas procura permitir que ele exista no mundo. O objetivo da fé do Yehudi não é de renegar a cultura científica e tecnológica, mas sim trazer o homem à transcendência também através desta cultura científica. Shabat é o dia em que o homem aprende a fazer isso.
 
No Shabat, o homem é libertado de sua escravidão à tecnologia que o rodeia. Enquanto a maioria das pessoas não consegue imaginar suas vidas sem um carro e um telefone. Apesar do senso de escravidão que os acompanha, a observância do Shabat lhes concede uma desconectação dos meios materiais.
 
As pessoas que ainda não respeitam as leis de Shabat e este dia lhes serve como recreação, tempo para distantes viagens e às vezes muito tempo não aproveitado sem fazer nada. É certo afirmar, que por um lado eles descansam fisicamente de seus trabalhos semanais. Porém a calma e almejada, o descanso e a paz de espírito, nunca serão alcançados.
 
Para os observantes do Shabat, este dia é um departamento por si só. O reinado do Shabat estende suas asas e modifica totalmente o ambiente dos dias comuns da semana. Não somente que no Shabat nos unimos com nossas famílias, como também nos tornamos pessoas mais tranquilas e mais calmas e mais felizes, sendo que neste dia adquirimos força e resistência para suportar as tarefas dos cotidiano. Aquele que sentiu a santidade do Shabat que envolve também os dias da semana, nunca perguntará “que prazer há no Shabat?”
 
Aqueles que se contentam no Shabat apenas com o descanso físico, estão somente no “começo da introdução do prefácio”!!!
 
A capacidade de desvincular o homem das fontes externas de criação abre uma janela para sua alma. Esse desligamento o eleva simultaneamente de nossos mundos tecnológico, comercial e de entretenimento, nos quais ele está nos seis dias de ação. Esta é a primeira bênção que o Shabat dá ao homem: “Shabat Shalom” para sua alma interior. Isso abre a porta para a paz com sua família e seu entorno imediato, paz com a natureza e D'us.
 

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